Advocacia é um setor que atraí aqueles que se incomodam diante das injustiças. Mas, também exige que os profissionais desta área se adaptem a duras realidades e demanda muito estudo além de trabalho duro.
Para entender melhor as nuances da vida profissional dentro da advocacia, conversamos com Guilherme Figueredo, advogado empresarial formado pela FURG e cursando especialização na FGV em Direito Societário e Mercado de Capitais.
Veja o que descobrimos nesta conversa e descubra se a advocacia é o seu lugar!
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Como você escolheu a advocacia?
Guilherme nos conta que a necessidade de lidar com o direito veio até ele antes mesmo da sua escolha pela advocacia. Ele, aos 11 anos, passou por algo que nenhuma criança deveria passar, a perda da mãe.
Então, ainda muito jovem, teve que lidar com questões como guarda, inventário, entre outras complicações jurídicas. Isso fez nascer uma sede pelo conhecimento, ele queria entender as leis que, naquele momento, faziam parte da sua vida.
Além disso, Guilherme sempre teve afeição pela leitura e olhava o mundo de uma forma crítica. A sua predisposição uniu-se às necessidades que se impuseram e, assim, nasceu o advogado.
Como é a rotina de um advogado?
O advogado diz que começou sua carreira na advocacia popular, lidando com direito do consumidor, previdenciário e outras áreas. Guilherme explica que no começo de carreira, os advogados sem família no ramo acabam tendo que ser generalistas (advogados que atuam e várias áreas do direito).
Atualmente, ele tem trabalhado no setor do direito comercial, que lida com constituição de empresas, defesa em processos regulatórios, entre outros. A sua rotina começa com um exercício físico pela manhã e depois ele segue para o escritório, sem hora para voltar.
Ele conta que trabalha de forma autônoma, que para se tornar sócio de um escritório é necessário trazer clientes para a empresa ou ser muito especializado em alguma área. Coisas que levam tempo para serem feitas.
Questiono, nesse momento, se o advogado tem um caráter de vendedor também. Ele responde:
“A verdade é: o advogado, ele é um prestador de serviço, ele vende o conhecimento dele, mas para cobrar ele precisa pensar quantas horas ele precisa despender para fazer aquele trabalho, entende?
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Precificação é um grande problema para quem está começando, mas, tem as tabelas da OAB que dão um parâmetro mínimo, mas, para quem está começando é muito difícil”
Principais características de um bom advogado
Guilherme explica que existem muitos perfis dentro da advocacia. Ele explica:
“O advogado que lida com previdenciário precisa ser uma pessoa que é atenta a detalhes, que goste minimamente de cálculo, que seja atenciosa e tenha paciência com idosos e com pessoas com necessidades especiais. O cara que é civilista precisa ter o olhar apurado para negócio, para contrato, para pagamento, recebendo os valores…
O cara que é penalista precisa ser humano, muito humano, gostar muito de direitos humanos, gostar de contrariar o senso comum, o penalista é um cara que precisa contrariar o senso comum, porque o senso comum condena; o penalista vê humanidade e procura justiça. O penalista é o cara que defende o Direito e não o crime”
Ele também fala das áreas tributária e empresarial, em que é preciso ser muito apurado com detalhes e gostar bastante de mercado e de negócios. Mas, uma característica comum aos advogados que Guilherme cita é capacidade de improviso, habilidade esta que pode ser desenvolvida com treino.
Por fim, Guilherme explica que também há espaço para pessoas introspectivas no Direito. Ele cita como exemplo o advogado que trabalha emitindo pareceres e orientações técnicas.
Dicas para jovens que querem se tornar advogados/as
O primeiro conselho do Guilherme é: “Não desistir”. Ele prestou o vestibular 4 vezes até ser aprovado em uma universidade federal pública.
Outra dica do advogado é treinar muito a redação, afinal, os interessados por direito, normalmente não são grandes fãs de matemática e a boa nota em redação pode compensar o desempenho ruim em outros exames. Ele também diz:
“Não se preocupar com não ter família no setor, é um pouco mais difícil, mas consegue. Procurar estágio desde o começo, fazer estágio tanto no setor público, como em escritório privado, rodar bem durante a faculdade, não se acomodar em um lugar só, é muito importante. Quanto mais experiência você tiver, melhor.”
Por fim, ele diz que a faculdade de direito é um portal para uma nova visão de mundo, que os problemas não são mais encarados da mesma forma. Guilherme também fala ser necessário ter uma formação continuada e estar sempre disposto a apreender.