Astronomia trata, muitas vezes, da grandiosidade, do magnífico, de galáxias distantes, buracos negros e estrelas. É uma ciência para mentes exploradoras, curiosas e que não se intimidam com a complexidade que o universo pode apresentar.

O que há de belo na astronomia, há de desafiador, é um trabalho para quem gosta de estudar, para quem tem sede de conhecimento. Atrás de compreender a vida profissional neste setor conversamos com uma das mais relevantes cientistas brasileiras, Duilia de Mello, Vice-Reitora de Estratégias Globais e Professora de Física na Universidade Católica da América em Washington DC.

Ela é pesquisadora associada da NASA e realizou descobertas essenciais como a supernova 1997D em uma galáxia a 58 milhões de anos-luz de distância, os berçários estelares fora de galáxias que estão em colisão, conhecidos como “bolhas azuis” e a maior galáxia espiral do universo.

Veja o descobrimos nesta conversa!

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Escolha de se tornar astrônoma

O interesse da Duilia pelo espaço já começou na sua infância, ela conta que desde criança olhava para o céu, ficava apaixonada e cheia de perguntas. Com o passar do tempo, ela descobriu que quem estudava astronomia, estudava o universo e decidiu seguir nesta carreira para sanar as dúvidas que tinha.

Ela conta que sua família mal sabia o que era astronomia, mas, ainda assim, sua mãe a levou para a UFRJ, onde tinha um curso de astronomia para que ela conversasse com os professores. Depois desta experiência, ela decidiu que astronomia era a profissão que ela queria.

Rotina de uma astrônoma

Duilia tem funções de professora, pesquisadora e administradora na universidade em que trabalha. Ela ministra um curso de astronomia, com 120 alunos, o que exige preparação de aulas e outras atividades comum das professoras.

Ela trabalha com pesquisas que utilizam, por exemplo, o telescópio espacial Hubble. Atualmente, devido a sua vasta experiência, ela atua mais como colaboradora e revisora do que autora dos artigos.

Por fim, como Duilia é Vice-Reitora, também tem funções administrativas, ela é a encarregada da internacionalização da Universidade. Ou seja, quando algum aluno da instituição quer estudar fora ou quando alguém do exterior que ir para a Universidade Católica de Washington, é o escritório dela que lida com estas questões.

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Características de uma boa astrônoma

Sobre as características dos astrônomos, Duilia afirma:

“Nós somos cientistas. Quando uma pessoa decide seguir uma carreira da ciência, precisa gostar de certas coisas. Eu, por exemplo, falo: ‘quem não gosta de matemática, não deve fazer carreira científica’ porque agente tem que lidar com isso no dia a dia e até para sempre. Quem não gosta de matemática e ciências não deve fazer astronomia”

Ela também afirma que é preciso ter curiosidade e dedicação à carreira. Pois, são estudos muito complexos e cientistas seguem uma trajetória acadêmica que exige bastante estudo, até chegar em um doutorado, por exemplo.

Duilia declara:

“Uma boa astrônoma tem uma certa paixão por aquilo que está fazendo. Porque para fazer grandes descobertas, para você ter um impacto, você tem que fazer com muita paixão, para poder achar as áreas que precisam ser impactadas.”

Dicas para quem quer se tornar astrônoma

Para jovens que já querem ser astrônomos e astrônomas, Duilia recomenda olhar na internet os grandes observatórios e satélites que existem no mundo, como o Hubble, e já começar a ver as descobertas feitas nas últimas décadas, para se atualizar do que já foi feito e o que ainda falta ser descoberto.

Ela dá um exemplo:

“Hoje, uma das grandes áreas enigmáticas, que a gente ainda quer descobrir muita coisa, é a área de energia e matéria escura, que a gente não sabe do que elas são feitas. Então, tentar ver quais são os grandes projetos tentando resolver estes enigmas”

Duilia também recomenda que os jovens procurem os cientistas nas redes sociais, interajam e façam perguntas. Ela também indica realizar bastante leitura sobre a área de astronomia, assim como, diz que há muito conteúdo de qualidade na internet para assistir sobre este tema.

Por Tiago Vechi

Jornalista