Atuar é tornar-se o outro, mesmo que só por uns instantes. É uma atividade que demanda inteligência emocional, empatia, linguagem corporal e outras tantas qualidades que observamos nas grandes atrizes e atores.

Com o intuito de compreender melhor a rotina daqueles que seguiram por esse caminho das artes cênicas, da atuação, conversamos com a atriz, poeta e escritora, Elisa Lucinda.

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Como você escolheu ser atriz?

Questionamos onde nasceu o desejo de trabalhar com atuação. Elisa nos explica que desde a infância ela desejava ser atriz, ela assistia aos teatros da escola, da igreja, ouvia as novelas no rádio, via na televisão e sentia desejo de participar.

Ela morava no Espírito Santo e, na época, não havia escolas de teatro, então teria que mudar de cidade para seguir o caminho de atriz. Até que, um dia, seu pai a convenceu de fazer a faculdade de jornalismo. Elisa, já no curso de comunicação, era atriz amadora no teatro da faculdade.

Ela começou a atuar como jornalista na TV Gazeta, afiliada da Rede Globo em Vitória. Quando Lucinda começou a trabalhar com a editoria de arte, ela sentiu, novamente, o desejo de tornar-se atriz. Ela declarou:

“Quando eu fui cobrir arte, eu não aguentei, não aguentei, querendo ser os artistas que eu entrevistava. Querendo que eu estivesse nos palcos capixabas que eles estavam. Aquilo foi muito claro para mim, não queria mais dar a notícia, queria ser a notícia”

Então, Lucinda decidiu mudar-se para o Rio de Janeiro e trocar de profissão.

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Como é o dia a dia do trabalho de atriz

Lucinda conta que artistas precisam ser ativos, devem ler muito e precisam ter iniciativa de realizar os próprios projetos. Ela disse:

“Eu, ontem mesmo, passei um tempão lendo o roteiro de uma personagem ótima que fui chamada para fazer. É uma rotina de avaliar os convites…

O grande lance, que é o meu diferencial e eu aconselho aos jovens, é de ter sempre algum projeto. Não fique esperando um convite, ainda mais convite milagroso da Globo, de Hollywood… Deixa isso para os golpes de sorte do destino, não conta com eles”

Principais características de uma boa atriz

Lucinda conta que, no seu ponto de vista, a capacidade de empatia é uma das principais características das grandes atrizes. Ela disse:

“Porque o que me faz chorar, nos meus trabalhos, é a empatia pela aquela história, por aquele personagem, entende?

Quando a minha personagem sofre, eu sofro pela dor dela, que é minha, o nome disso é empatia.”

A atriz também fala que empatia é um exercício desenvolvido no dia a dia. Lucinda destaca outras duas características comuns aos atores, a capacidade de observação e o amor pelo ser-humano. Lucinda declarou sobre isso:

“O amor e a observação do ser-humano são fundamentais, sem preconceito. O ator vai fazer uma empregada doméstica e uma rainha com o mesmo amor, sabe?

Porque uma empregada doméstica não é uma personagem menor do que uma rainha. Dependendo da visão, ela pode ser a protagonista, se contar a história pelos olhos dela. Enfim, todo mundo vale aos olhos da arte!”

Por fim, Elisa diz que ter boa memória e ser desinibido não bastam para ser atriz, é preciso mais do que essas habilidades.

Dicas para jovens que querem tornar-se atrizes e atores

Para os jovens que querem entrar no mundo das artes cênicas, Lucinda recomenda algumas peças. São elas:

1. Dois perdidos num noite suja, Plínio Marcos
2. Gota d’água, (adaptação de Medeia), Chico Buarque e Paulo Fontes

Lucinda afirma que são clássicos essenciais para a formação de um ator. Ambos são dramaturgias de política e sociedade que fornecem uma visão crítica.

Além das dicas de repertório cultural, Lucinda afirmou que atores que atrizes e atores precisam ter iniciativas próprias, ela declarou:

“Vai na sua!  “Quero fazer papel de Grande Otelo, meu sonho é fazer papel da vida de Ludmilla, eu que sou parecida, canto como ela…” Entende!?

 

Isso faz a diferença na vida de um artista: ter projetos e correr atrás para viabilizar! Tem um monte de edital, edital para iniciantes, edital para quem é experiente. Assim vamos tocando a vida, mas esperar convite, eu acho ruim”

Por Tiago Vechi 

Jornalista